sábado, abril 12, 2008

25 ANOS DE CORRUPÇÃO NO FUTEBOL PORTUGUÊS

Um quarto de século montado no ódio e alimentando um fictícia guerra norte/sul que amesquinha ainda mais a tacanhez das gentes que embarcam nas palavras de um criminoso.
Um quarto de século feito de ameaças, intimidações e agressões a jornalistas. Um quarto de século alicerçado na violência de um grupo de criminosos assumidos que se escondem no anonimato cobarde de uma claque.
Um quarto de século feito de pressões políticas e ameaças públicas aos poucos que se recusam a legitimar práticas criminosas.
Um quarto de século a promover árbitros que se vendiam por pouco menos do que o favor sexual comprado a prostitutas reles.
Um quarto de século a meter magistrados no bolso. Um quarto de século em que a conivência das forças judiciais lhe deram a convicção da impunidade. Um quarto de século feito de bajulações, encobrimentos e cobardias feitos por aqueles que tinham como dever moral, profissional, social e civilizacional denunciar práticas criminosas.
Um quarto de século em que um reles mafioso se vem arrogando o direito de escarrar num país que se julga civilizado e democrático.
Um quarto de século em que um verme se transformou no líder de uma horda que, à força da cegueira e da total ausência de valores, há muito deixou a coluna vertebral na loja de penhores.

Este ano, quando muita gente achou justo o facto de serem campeões, aqui deixo uns dados, que afinal não foi assim tão justo e merecido:

Golos irregulares até à 24ªjornada 2007/2008:

3.ª jornada, em Leiria: Bruno Alves fez o passe para Lisandro depois de a bola ter passado a linha de fundo.

O. BENQUERENÇA

5.ª jornada, em Paços de Ferreira: contra-ataque lançado por Leandro Lima, com Lisandro a arrancar deslocado.

RUI COSTA

8.ª jornada, frente a Leixões: Lisandro prepara o remate ajeitando a bola com a mão à entrada da área.

PAULO BAPTISTA

9.ª jornada, frente a Belenenses: Hélder Postiga, lançado por Paulo Assunção, mais de dois metros fora de jogo.

PAULO COSTA

20.ª jornada, frente a Paços de Ferreira: fora-de-jogo de Farías, que faz o passe decisivo para Lisandro.

JORGE SOUSA

23.ª jornada, em Leixões: Lucho Gonzalez lança Tarik Sektioui que arranca em fora-de-jogo.

LUCÍLIO BAPTISTA

24.ª jornada, em Belém: grande penalidade inexistente de Hugo Alcântara sobre Ricardo Quaresma.

Uma percentagem anormalmente alta, de quase 20%, de golos irregulares é o sinal mais evidente desta nova ordem saída do processo ‘Apito Dourado’, que, longe de condenar o tráfico de influências generalizado há muitos anos, promete apenas reforçar o poder público dos ‘padrinhos’ deste sistema, depois de darem mais um ‘chito’ no sistema judicial e no Ministério Público, incapazes de provar a corrupção.

Sem falar das agressões:

No ultimo jogo em belem Lucilio, além de "inventar" um penalty no ùltimo minuto a favorecer os corruptos, Lucílio Baptista não se limitou a fechar os olhos à estalada de Quaresma a Rolando, na enésima infracção disciplinar passada sem julgamento de um jogador do FC Porto ao longo da temporada.


Tal como a agressão de Bruno Alves em Matosinhos e muitas outras nas jornadas anteriores, os árbitros, negligentes perante os excessos dos jogadores portistas, revelam uma insegurança inerente à falta de esclarecimento dos seus líderes perante a necessidade de demonstrarem absoluta independência relativamente a agentes acusados de corrupção, sem de algum modo porem em perigo o futuro, quando tudo acabar com a honrosa e dourada absolvição de toda a grande família do ‘sistema’!

No momento em que se vão julgar em tribunal um F.C.Porto-E.Amadora e um Beira Mar-F.C.Porto, é importante que se perceba que o problema está muito longe de se esgotar nesses dois episódios, nem eles serão certamente os mais relevantes de uma história repleta de mentira, corrupção e tráfico de influências. Pelo contrário, o que deve ser entendido das escutas – mesmo que o tribunal não o possa ou consiga fazer - é um panorama de subversão total e absoluta de uma lógica competitiva de isenção e transparência, que foi sendo a base para benefício de uns e prejuízo de outros, ao longo de muitas temporadas, e que valeu títulos, dinheiro, prestígio europeu, numa espiral que ainda hoje condiciona e subverte a hierarquia competitiva do futebol português.

Apenas uma palavrinha para o Sporting, sempre me pareceu incompreensível o posicionamento do Sporting em toda esta história.
O clube de Alvalade sempre se queixou, e muito, mas nunca percebendo, ou não querendo perceber, onde estava realmente a origem do problema.
Apenas Dias da Cunha pareceu a dado passo ter entendido tudo, mas acabou escorraçado da presidência do clube, muito fruto de um pacto que estabelecera com o Benfica a este propósito, e que foi muito mal aceite em Alvalade pelos ortodoxos da rivalidade lisboeta.
O Sporting, seus adeptos, e muitos dos seus dirigentes, na cegueira de uma fratricida rivalidade com o Benfica, sempre olharam de lado tudo o que se pudesse parecer com corrupção, mas não envolvesse o clube da Luz.

Se o Apito Dourado tem atingido o Benfica, outro galo certamente cantaria, pois ferir o Benfica era tudo o que muitos sportinguistas mais quereriam, mesmo não tendo o clube da Luz vencido mais que um campeonato nos últimos catorze anos.
Sendo com o Porto, pouco lhes parece interessar. Aliás, parece-me que cada vez mais as vitórias portistas vão sendo compartilhadas pelos leões – só pelo prazer de ver o odiado Benfica perder , bastando olhar ao que se passou e Lisboa nas comemorações deste tri.
Compreende-se de algum modo a questão emocional, mas esta postura não encerra qualquer tipo de racionalidade, acabando por ser responsável, por omissão, por muito do que tem sido o futebol português.
Exemplo disto foi a época 2004-05, em que com Pinto da Costa no banco dos réus, o Sporting e as suas vozes, ao invés de aproveitarem a ocasião para, juntamente com o Benfica, varrerem de vez toda a porcaria do futebol português, viraram agulhas para um rol de acusações ao Benfica, a Vieira e a Veiga, que acabou por beneficiar objectivamente o F.C.Porto, num momento em que este estava verdadeiramente de gatas, e em risco de tão depressa se não levantar. Resultado: o Benfica foi à mesma campeão, e o F.C.Porto reergueu-se, conquistando este tri, não sobrando nada para Alvalade.
Os sportinguistas deveriam reflectir sobre isto: Em 1982 o Sporting era claramente o segundo maior clube português, agora é claramente o terceiro…



Por enquanto o crime vai compensando, até quando??!!

1 Comments:

At 2:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Para quando uma crónica sobre o jogo da taça? Ouvi dizer q foi emotivo alexandre...lol


Zbuuf

 

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