terça-feira, abril 25, 2006

25 de Abril e a Liberdade


Foi sem dúvida um dos dias mais felizes da história de Portugal o fim de uma ditadura, um periodo muito mas muito negro na nossa história, onde não existia liberdade de expressão, onde as pessoas viviam com medo, onde reinava a mentira por parte do estado novo, onde todos os serviços eram controlados, onde a analfabetização era das mais elevadas na europa, onde a fome e miséria predominavam, onde a radio a Tv e jornais diziam e informavam apenas o que eles queriam, onde existia uma policia que perseguia e torturava as pessoas, onde até os mortos votavam......por isto e por muito mais, o meu obrigado a quem impediu que isto durasse mais tempo, o meu obrigado por todos vivermos melhor e sem medos e com Liberdade......
Por isto e por muito mais saibemos dar valor a este dia que mudou claramente as nossas vidas!!

Deixo aqui um poema de Ary dos Santos em homenagem ao GRANDE 25 de ABRIL

"Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado º
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país Portugal suicidado.

Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.

Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha
a seu lado muitos homens na prisão.

Esses que tinham lutado
a defender um irmão
esses que tinham passado
o horror da solidão
esses que tinham jurado
sobre uma côdea de pão
ver o povo libertado
do terror da opressão.

Não tinham armas
é certo mas tinham
toda a razão quando
um homem morre
perto tem de haver distanciação

Foi então que Abril
abriu as portas da claridade
a nossa gente invadiua
sua própria cidade.

Disse a primeira palavra
na madrugada serena
um poeta que cantava
o povo é quem mais ordena

Foi esta força sem tiros
de antes quebrar que torcer
esta ausência de suspiros
esta fúria de viver
este mar de vozes livres
sempre a crescer
a crescer que das espingardas
fez livros para aprendermos
a ler que dos canhões
fez enxadas para lavrarmos
a terra e das balas
disparadas apenas o fim da guerra.

E em Lisboa capital dos
novos mestres de Aviz
povo de Portugaldeu
o poder a quem quis.

A seu lado também
estavam jornalistas que escreviam
actores que se desdobravam
cientistas que aprendiam
poetas que estrebuchavam
cantores que não se vendiam
mas enquanto estes lutavam
é certo que não sentiam a fome
com que apertavam os cintos dos que os ouviam.

Ali ficámos de pé juntos soldados
e povo para mostrarmos
como é que se faz um país novo.

Dai ao povo o que é do povo
pois o mar não tem patrões.
– Não havia estado novo nos poemas de Camões

Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo
é a voz e o braço de Portugal"

OBRIGADO

1 Comments:

At 11:14 da manhã, Blogger RBF said...

Esse Ary dos Santos era ca um paneleiro.

 

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